”Daniele de Carvalho Santos : Pró, e esse dormir com os braços para cima? É algo que facilita a respiração?”
– A criança dorme com os braços para cima instintivamente. Mas quando em movimento ainda não domina movimentar os braços para cima. Esse ponto é bem interessante. Crianças da idade de Flô (7 meses) não costumam ainda poder ou saber erguer o braço acima da cabeça. Enquanto cessam inertes de movimento e dormem, restam assim, tranquilamente com os braços soltos, como foram parar. A não ser que papais e/ou mamães tenham colocado o braço da criança nessa posição. Não saberia afirmar. teria que perguntar para Cadú.
Esse ponto da sua pergunta é interessante mesmo. Bastante interessante. O que facilita a respiração mesmo, é a posição de bruços. Braços para cima. A princípio diria que é indiferente. Mas a posição de bruços não é. A posição de bruços é benéfica. Ela facilita bastante a respiração. Agora na Covid19 , durante a pandemia, os médicos estão recomendando que paciente fique de bruços. Mesmo que parcialmente se não conseguirem totalmente, por intervalos repetidos ao longo do dia.
”Daniele De Castro Machat : Como desenvolver a escuta profunda, se viemos de uma educação fragmentada e cartesiana?”
– A questão da escuta é muito importante para todos nós. Ela é o principal divisor de águas para tudo, entre sentir perceber agir de forma pacífica saindo da violência explícita e implícita, ou agir por impulsos e reativamente, por responsividade automática. É o campo das escolhas que BMC® emprega conhecimentos de muitos campos, sinteticamente retrabalhados pela somática, para nos dar uma outra base. Porque não basta dizer que tudo é integrado. Por que existe mãe terra. Ou gaia. A escuta permite uma diferenciação do campo, da vibração e da tomada de consciência. A escuta vem antes da visão.
”Daniele De Castro Machat : A outra pergunta é como recuperar e resignificar os movimentos não vividos na fase uterina e após os 3 primeiros meses ao viver na Terra.”
– Em primeiro lugar, o que não foi vivido lá, não foi. Em relação a fase final intra-uterina, e a chegada na terra, é o desenvolvimento do sistema nervoso que está em jogo. Os primeiros três meses de vida aqui na terra, como quer que tenha sido a fase uterina e o nascer, precisa ser de pausa e recuperação. Momento de acolhimento incondicional e prover e suprir todas as condições necessárias afetivas e materiais para que essa criança fique bem nela mesma. Existe uma ligação muito forte entre mãe e criança. Após os primeiros três meses de vida a criança vai lidar com o que ela tiver. O instinto de sobrevivência é mais forte que tudo. Não é um bebê que está ali, mas um ser como a gente. Como agente. Para recuperar e para ressignificar, a gente tem que estar ali junto.
O sistema nervoso está se desenvolvendo rapidamente na infância. Embora este desenvolvimento neurológico tenha um efeito sobre o movimento, o movimento da criança também tem um afeta o sistema nervoso. organização neurológica é muito influenciada pela emergência e integração de padrões de movimento da criança. Padrões que não aparecem ou não integram-se, isso pode ter graves consequências para o funcionamento da criança. No entanto, porque o sistema nervoso tem grande plasticidade durante este período, é mais fácil para facilitar a circulação eficiente.
“Daniele De Castro Machat : Podemos recuperar esses movimentos que precisaríamos viver na gestação e nos primeiros anos de vida ? E se a ausência da memória deste movimento pode trazer sequelas no adulto? “
– Movimentos tem como ser irreversíveis e reversíveis. Dentre os reversíveis dá. Os primeiros anos de vida estabelecem a base para a vida toda. O que se corporaliza ali dá a primeira plataforma cognitiva com a qual se fará às demais posteriormente. Sim, os princípios de movimentos evolutivos têm essa habilidade, creio eu.
Sequelas respondem a inúmeros fatores diversos. Podemos criar evolutivamente na movimentação, e os movimentos podem ser recuperados à medida que essa criação evolutiva se dá. Se não houver, fica faltando. Ressignificação é outra coisa. É mais além. Não responde apenas pela dimensão própria do movimento por si. Ressignificação corresponde à integração psicofísica. O movimento sem dúvida ajuda muito. Não qualquer tipo de movimento. Mas o movimento pode sem dúvida ajudar muito. Pode até ser crucial para o restabelecimento do fluxo energético pleno e de liberação, entre elas, de sequelas.
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